Sebastião Martins de Moura
Um certo “Tiãozinho” de Ribeirão Preto!
Sebastião Martins de Moura é seu nome de nascimento. Ficou muito conhecido em nossa cidade como “Tiãozinho”, criatura ímpar em todos os sentidos. Inúmeras pessoas com quem nos encontrando no dia-a-dia se dizem suas devedoras por atos caridosos praticados nos idos tempos, quando ainda na matéria. Desencanou em 05 de março de 2007 aos 77 anos de idade.
Deixou atras de si um rastro de luz e de caridade. Era um sujeito alegre e humilde, extremamente humilde no trato cotidiano. É trabalhador incansável, até hoje! É o mentor de um trabalho de fluidoterapia realizado às quartas-feiras no Centro Espírita Eurípedes Barsanúlfo, das Casas de Betânia. Tem se manifestado com frequência e nos trazido valiosos conselhos e mensagens de força e persistência no bem.
Em 1962 fundou, junto com outros amigos, a hoje denominada Associação Espírita Casas de Betânia, entidade que vem atendendo com imenso amor cerca de 300 crianças de zero a quatro anos de vida (nos últimos 10 anos), por ano. Sonhador, dono de uma fé inabalável, acreditava nas pessoas e na capacidade de se modificarem constantemente. Cantava quando podia. Encantava, sempre. Sua simplicidade era marca registrada. Ensinava pelo exemplo, de forma calma, mansa, despretensiosa e pacífica!
Narro um fato que vivenciei e que demonstra minha colocação. Ali pelo final da década dos 90 fui convidado a participar de um programa de rádio apresentado por Dr. Barquete Miguel e Carlos Calixto. O propósito do programa naquele dia era homenagear o nosso “Tiãozinho”. Assim que tomei ciência disso alertei os apresentadores de que ele dificilmente compareceria. Sabia disso pois nem o título de cidadão ribeirão-pretano foi receber na Câmara Municipal. Fui informado de que ele havia sido convidado a falar das Casas de Betânia, entidade filantrópica magnifica que foi presidida por ele por mais de 30 anos. Ficou certo de que iria, então. Uma vez na porta da emissora encontro-me com ele, o homenageado do dia. “Ué, você aqui menino?” – indagou-me o querido amigo. Sim. Fui convidado e aqui estou. Evidente que não poderia adiantar-lhe a verdadeira a razão daquele programa. E, após algum tempo em que o programa estava no ar e com as presenças e participação do radialista Luiz Schiavone Junior e de Antônio Lorenzato que era vereador à Câmara municipal à época, salvo engano, me foi dada a palavra para alguma consideração sobre o homenageado. Disse então que ele ensinava pelo exemplo. E provei narrando um acontecimento: uma ocasião houve um grande evento que envolveu muitas entidades filantrópicas do Estado de São Paulo, realizado nas Casas de Betânia. Eu fui escolhido por nosso amigo Sebastião para representar a Casa anfitriã. Lá pelas tantas, participando de um dos numerosos grupos de discussões sobre diversos temas em debate, uma senhora, se não me engano do ABC ( próximo a São Paulo), me indagou sobre as Casas de Betânia, vez que, que a seu ver, era uma beleza, muito bem cuidada e que traduzia uma energia muito boa e forte, etc. Queria saber ela quem era o responsável por uma entidade tão bem cuidada e bonita. Eu prontamente lhe disse que tínhamos um Presidente muito trabalhador e produtivo que “carregava o piano” sozinho praticamente e que era o grande cuidador de tudo e de todos ali. Ela então manifestou interesse em conhece-lo pessoalmente ao que lhe respondi que assim que fosse possível lhe apresentaria nosso benfeitor e amigo.
Passados alguns momentos eis que entra alguém em nossa sala distribuindo água em copos a todos, fazendo as vezes de garçom ou mordomo. Aproveitei-me da ocasião e imediatamente fiz a apresentação: A senhora quer conhecer nosso grande artífice, fundador das Casas de Betânia e seu Presidente, aí está: Esse é o Senhor Sebastião Martins de Moura, nosso Presidente... servindo água aos congressistas!
Pediu a mim que representasse a Entidade para fazer as vezes de garçom. Provada sua humildade caridosa e seu sentimento de amor ao próximo e seu ensinamento pelo exemplo. Fez questão de se colocar abaixo dos demais para poder servir mais e melhor. Ensinou-me muito nesse episódio pelo exemplo de humildade e amor ao serviço.
Esse era o temperamento de nosso “Tiãozinho”, pessoa que deixou inúmeros atos e fatos de caridade cristã em sua passagem pela Terra: foi o fundador da primeira banca de livro Espírita de Ribeirão Preto, foi fundador e presidiu as Casas de Betânia por longo tempo, foi diretor de várias outras entidades concomitantemente à diretoria das Casas de Betânia, foi presente na vida de muitas criaturas, sabia falar ao público com desenvoltura e firmeza, porém com imensa ternura e confiança. Cantava, contava casos, sonhava com o mundo melhor, enfim, um sem número de pessoas certamente poderia tê-lo demonstrado aqui com maior clareza e fidelidade. Nosso querido amigo Benedito Pimenta de Pádua, desencarnado em setembro de 2019, conviveu longamente com “Tiãozinho”, desde que chegou em Ribeirão Preto. Devem ter se reencontrado no plano Espiritual como velhos e grandes amigos que são.
Verdade seja dita, os que tiveram o privilégio de privar da convivência com nosso amigo Sebastião sempre foram agraciados com uma amizade boa, sólida, pura e sincera, típica daquela que forma amigos para a Eternidade. É um grande exemplo de ser humano digno a ser seguido pelos demais que ainda temos longa jornada na matéria.
Texto por: Jorge Pimenta